José Walter Toledo Silva
Os estudos de viabilidade econômica, predominantemente adotados, analisam fluxos de entradas e saídas de dinheiro, com base em adivinhações sobre o futuro, num horizonte limitado de tempo, misturando a realidade de hoje com expectativas geralmente erradas sobre uma limitada extensão de tempo futuro.
Variáveis levadas em conta incluem, dentre outras, os tipos seguintes de previsões (adivinhações) sobre o futuro: demanda, carga tributária, investimentos, preços, taxas de juros/câmbio/critérios para julgar o valor do dinheiro no tempo. Tudo voltado a quantificar em valor presente uma relação entre investimento e lucro, ou entre dinheiro que sai e dinheiro que sobra, em horizonte sempre limitado de tempo.
Muitos dos serviços e produtos que nos cercam seriam inexistentes, se condenados com base nesses tipos de critérios adotados para estabelecer a viabilidade econômica.
Assim, quando se diz que a exploração de petróleo nas profundezas (se o preço do barril cair abaixo de US$ X ou Y), ou de fontes alternativas de energia, são economicamente inviáveis, geralmente não se está levando em conta: a) obstáculo da falta de energia futura ao crescimento econômico; b) obstáculo da falta de energia para proporcionar inserção na economia de bilhões de seres humanos marginalizados; c) efeitos dessa eventual inserção em termos de demanda e economia de escala; d)dinâmica de carga tributária, composição de preços e valor relativo do dinheiro; d) custo futuro da exploração energética concentrada em recursos findáveis em poucas décadas além produzirem poluição e aquecimento destruidores de vidas humanas e de condições para a vida humana; d) o impacto de desenvolvimentos científicos e tecnológicos na produtividade; e) impacto de fusões e aquisições de empresas de um mesmo ramo, quase sempre resultando em cortes de empregos, menores custos e maior produtividade e rentabilidade.
Pelo crivo da análise econômica de algumas décadas atrás seria inconcebível:
- Até inícios da década de 70: a popularização dos computadores pessoais através de preços em queda vertiginosa com capacidade cada vez maior. A conseqüente democratização do acesso à informação e ao processamento dados, até então, restritos a gigantescos equipamentos de grande porte, comercializados por poucas empresas multinacionais, com menor capacidade e recursos de muitos dos computadores pessoais de hoje, fabricados por milhares de empresas em todo o mundo.
- Até a década de 70 ou 80: o telefone móvel como recurso indispensável, acessível à quase totalidade da população adulta do país.
- Até a década de 70: popularização da tv a cores, a transmissão de centenas de canais via satélite, o vídeo cassete e o DVD.
- Até inícios do século 20: a proliferação de milhões de automóveis movidos a gasolina, esta disponível em milhões de postos de abastecimento em todo o mundo.
- Até poucos anos atrás: o projeto do um carro popular da indiana TATA, custando de cinco a dez vezes menos do que as alternativas até então existentes.
- Na década de 60: relógios digitais e calculadoras descartáveis pelo preço de um sanduíche com um refrigerante.
- Até meados do século 20: a difusão da energia elétrica, da água encanada, dos esgotos, quando ainda estavam vivas nas memórias, a iluminação das cidade a óleo de baleia, a maioria das casas sem banheiro, a raridade da água encanada nas regiões rurais de um país então predominantemente rural.
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