por José Walter Toledo Siva
A imprensa noticia hoje (4/04/2014) que juros pagos
pelas distribuidoras serão repassados aos consumidores em 2015 e 2016.
Essa notícia, no país em que se pratica uma das mais
elevadas taxas de juros do planeta, faz pensar sobre os significativos efeitos
dos juros elevados no bolso do consumidor e, em consequência, no custo de vida
e na inflação.
Quem adquire um imóvel para morar acaba pagando em
juros, num financiamento em longo prazo, várias vezes o preço do imóvel, em
cujo preço básico já está incluído custos financeiros incorridos pela
construtora.
Os juros pagos pelo consumidor final em financiamentos
de automóveis e diversos produtos de uso doméstico representam elevada fatia
dos gastos dos consumidores.
Por outro lado, assistimos a continuados aumentos da
taxa básica de juros que acarretam aumento em todos os juros praticados no
país.
A justificativa apresentada para aumentar os juros
básicos é combater a inflação, “diminuindo liquidez”, embora seja um fato que
na maioria dos países desenvolvidos, baixíssima inflação convive com baixíssima
taxa de juros.
Justifica-se o repasse de juros no custo da luz para o
público consumidor, como “blindagem para dar segurança ao setor bancário para
que empreste às empresas”.
Tal motivo é apresentado sem considerar alternativas
para “dar segurança” e aumentar ainda mais a elevadíssima rentabilidade dos
bancos.
Dentre essas alternativas parece óbvio que poderia ser
considerada a redução de custos através da redução do excessivo número de
agências, muitas das quais de discutível necessidade, diante do desenvolvimento
de recursos de informática para prestação de serviços à distância.
Em conclusão, sugere-se que sejam avaliados, pelos
profissionais competentes, os efeitos dos juros para aumento da inflação, pois parece
altamente questionável a premissa de que mais juros, mais elevados, combatam a
inflação.
É possível que, no caso, o tiro, sem atingir o alvo,
esteja saindo pela culatra, contra o público consumidor.
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